A visita, que está pré-agendada, visa discutir e buscar soluções para o impasse envolvendo o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e as comunidades quilombolas da região.
Em janeiro deste ano, os quilombolas de Alcântara se retiraram temporariamente do Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), criado pelo governo federal para estudar as condições das Comunidades Remanescentes de Quilombos e propor soluções para a titulação de suas terras.
O conflito teve início em 1983, quando 312 famílias quilombolas foram removidas de seus territórios em Alcântara, município com cerca de 22 mil habitantes. As famílias foram transferidas para agrovilas no sul do estado, onde receberam lotes de 16 hectares.
Três anos antes, o então governador Ivar Saldanha desapropriou 52 mil hectares do território quilombola e transferiu a área para a União, como parte do projeto de construção do CLA, sob a administração da Força Aérea Brasileira (FAB).
Em 2008, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) garantiu 78,1 mil hectares para as comunidades quilombolas e restringiu a área da base aérea a 8 mil hectares.
No entanto, em 2010, durante o segundo mandato de Lula, o Estado reivindicou outros 12 mil hectares na área costeira de Alcântara, gerando receio entre as 792 famílias quilombolas da região, que temem novas desapropriações.
Em 2019, o Brasil firmou um acordo com os Estados Unidos para permitir a exploração da base de Alcântara, prevendo a possível ampliação da área do CLA, atualmente com 8 mil hectares.